Podemos afirmar que, ao adotar e praticar a dieta vegetariana, você está colaborando muito. Não é o suficiente. Todos devem estar atentos e pesquisar para, cada vez mais, praticar ações por uma vida sustentável e cautelosa a fim de minimizar seus efeitos maléficos ao clima, mas o vegetarianismo é uma imensa colaboração pela ótica do consumo responsável, ético e consciente.
Sabemos, com comprovação científica pelo IPCC (Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas), que o aquecimento global é a conseqüência do uso de recursos naturais de forma exagerada e irresponsável – os gases que prejudicam nosso clima e potencializam o efeito estufa, ocasionando o aquecimento exagerado da Terra são provenientes da utilização de bens materiais altamente poluidores e hábitos errôneos, inclusive alimentares, arraigados ao cotidiano dos seres humanos.
No Brasil, a prática que mais libera dióxido de carbono (CO2) – um dos piores gases – é o desmatamento na Amazônia. E por que desmatam? Para plantar soja e outros grãos, a maior parte destinada à ração animal e não à alimentação humana como muitos pensam, para extrair madeira – ilegal em grande quantidade, para carvão e, principalmente, para dar espaço aos bois – a perversa e cruel pecuária. Segundo Gilney Vianna, secretário de políticas para o desenvolvimento sustentável do Ministério do Meio Ambiente, "75% das áreas desmatadas na Amazônia são ocupadas pela pecuária", onde vivem torturados e infelizes 70 milhões de bois.
A pecuária, que também inclui os outros animais confinados e criados para servirem de alimento, além de acarretar problemas com o desmatamento, também produz, por meio do processo digestivo dos animais e seus dejetos, um outro gás altamente perigoso e danoso ao clima, o metano. "Cerca de 35% a 40% vêm da pecuária bovina. Sendo o metano 21 vezes mais prejudicial que o CO2", afirma o engenheiro agrônomo Maurício Palma Nogueira, autor de diversos artigos sobre o tema.
Estudo realizado pela ONU - FAO (Organização das Nações Unidas para a agricultura e alimentação), diz que o setor pecuário é pior que os transportes para o clima, já que o CO2 liberado na atmosfera é ainda superior ao emitido por carros. Além do dióxido nitroso, que possui poder aquecedor 296 vezes maior que o CO2. Henning Steinfeld, um dos autores deste estudo, o concluiu da seguinte forma: "A pecuária é um dos causadores mais significativos dos problemas ambientais da atualidade".
E não pára por aí. O relatório também prova que 64% do total de amônia, principal causadora de chuvas ácidas, vêm da pecuária e prejudica, entre outros, os oceanos – estes que também possuem papel fundamental para a saúde do planeta e estão em processo de degradação pela irresponsabilidade humana. "Os oceanos absorveram 48% do C02 emitido por nós para a atmosfera nos últimos 200 anos", afirma Christopher Sabino, do National Oceanic Atmospheric Administration, autor de um artigo sobre o tema publicado no jornal Science. Vegetarianos colaboram imensamente para o clima também por não alimentarem a indústria pesqueira.
Atualmente, 75% dos peixes comercializados vêm da pesca predatória, ameaçando a existência de várias espécies como atum e linguado. Os corais estão se deteriorando pela acidez das águas e, como não poderia ser diferente, pela pesca – especialmente a realizada em águas profundas, que chega a destruir corais de centenas de anos. Para que a recuperação das vidas marinhas fosse viável, as águas precisariam estar limpas, o que está cada vez mais distante da realidade. Novamente, a dieta vegetariana ganha força, já que uma das grandes causadoras da poluição das águas é a pecuária e, com grande eficiência, a criação de porcos. Dados da Sociedade Vegetariana Brasileira mostram que uma criação de porcos média produz a mesma quantidade de excrementos quanto uma cidade de 12 mil habitantes. Até reservas subterrâneas de água são contaminadas, como o aqüífero Guarani. Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina realizaram um estudo em 2004 e descobriram que o risco de contaminação das águas, vindo do depósito de fezes e urinas da suinocultura, é muito preocupante.
O último relatório do IPCC trouxe diversas previsões assustadoras para nosso planeta – como fome, falta de água, inundações e extinções. E, cabe enfatizar, previsões essas para todas as espécies. Contudo, é momento de nos enxergamos por outra ótica, deixarmos de inferiorizar os outros animais e de supervalorizar o ser humano. Com bases científicas a favor do planeta, é hora de divulgarmos os benefícios do vegetarianismo como nunca!