Lomadee, uma nova espécie na web. A maior plataforma de afiliados da América Latina

Frases e Pensamentos

Deveríamos ser capazes de recusar-nos a viver se o preço da vida é a tortura de seres sensíveis.

Sinto que o progresso espiritual requer, em uma determinada etapa, que paremos de matar nossos companheiros, os animais, para a satisfação de nossos desejos corpóreos.
(Mahatma Gandhi)

Que horror é meter entranhas em entranhas, engordar um corpo com outro corpo, viver da morte de seres vivos.

Enquanto o homem continuar a ser o destruidor dos seres animados dos planos inferiores, não conhecerá a saúde nem a paz. Enquanto os homens massacrarem os animais, eles se matarão uns aos outros. Aquele que semeia a morte e o sofrimento não pode colher a alegria e o amor.
(Pythagoras)

Tempo virá em que os seres humanos se contentarão com uma alimentação vegetariana e julgarão a matança de um animal inocente como hoje se julga o assassínio de um homem.
(Leonardo da Vinci)

Feliz seria a terra se todos os seres estivessem unidos pelos laços da benevolência e só se alimentassem de alimentos puros, sem derrame de sangue. Os dourados grãos que nascem para todos dariam para alimentar e dar fartura ao mundo.
(Buda)

Quanto mais o homem simplifica a sua alimentação e se afasta do regime carnívoro, mais sábia é a sua mente.
(George Bernard Shaw)

Eu não tenho dúvidas de que é parte do destino da raça humana, na sua evolução gradual, parar de comer animais.
(Henry David Thoreau)

É somente pelo amaciamento e disfarce da carne morta através do preparo culinário, que ela é tornada susceptível de mastigação ou digestão e que a visão de seus sucos sangrentos e horror puro não criam um desgosto e abominação intoleráveis.
(Percy Bysshe Shelley)

Quando me tornei vegetariano, poupei dois seres, o outro e eu.
(Hermógenes)

Se quisermos nos libertar do sofrimento, não devemos viver do sofrimento e do assassínio infligidos aos animais.
(Dr. Paul Carton)

Se o homem aspira sinceramente a viver uma vida real, sua primeira decisão deve ser abster-se de comer carne e não matar nenhum animal para comer.
(Leon Tolstoy)

O comer carne é a sobrevivência da maior brutalidade; a mudança para o vegetarianismo é a primeira conseqüência natural da iluminação.
(Leon Tolstoy)

Respeitem os animais. Eles sentem e sofrem como nós. Não os maltratem, não os torturem, não os prendam, não os matem.
(de autoria anônima)

Como zeladores do planeta, é nossa responsabilidade lidar com todas as espécies com carinho, amor e compaixão. As crueldades que os animais sofrem pelas mãos dos homens estão além de nossa compreensão. Por favor, ajudem a parar com esta loucura.
(Richard Gere)

Oh, tirem minha cabeça, mas rogo que parem a matança!
(Sadhu Vaswani)

Não haverá justiça enquanto o homem empunhar uma faca ou uma arma e destruir aqueles que são mais fracos que ele.
(Isaac Bashevis Singer)

Se os matadouros tivessem paredes de vidro, todos seriam vegetarianos. Nós nos sentimos melhores com nós mesmos e melhores com os animais, sabendo que não estamos contribuindo para o sofrimento deles.
(Paul e Linda McCartney)

Se você pudesse ver ou sentir o sofrimento, você certamente não pensaria duas vezes. Devolva a vida. Não coma carne.
(Kim Basinger)

O que não concebo é degolar um cabrito, asfixiar uma pomba, cortar a nuca de uma galinha ou dar punhaladas em um porco para que eu coma seus restos. Não é por uma questão de química biológica o motivo de eu me ter passado para as fileiras do ovo-lacto-vegetarianismo, mas pelo imperativo moral de que minha vida não seja mantida às custas da vida de outros seres.
(Dr. Eduardo Alfonso, médico naturista espanhol)

Que luta pela existência ou que terrível loucura vos levou a sujar vossas mãos com sangue - vós, repito, que sois nutridos por todas as benesses e confortos da vida? Por que ultrajais a face da boa terra, como se ela não fosse capaz de vos nutrir e satisfazer?
(Plutarco)

Os vapores das comidas com carne obscurecem o espírito. Dificilmente pode-se ter virtude se se desfruta de comidas e festas em que haja carne. No paraíso terreno não havia vinho, nem sacrifício de animais e tampouco se comia carne.
(São Basílio)

Não destruas por causa da comida as obras de Deus. É verdade que tudo é limpo, mas mal vai para o homem que come com escândalo. Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece, ou se escandalize, ou se enfraqueça.
(Romanos, 14: 20, 21)

Como rei, esforcei-me para impedir o dano a criaturas vivas e renunciei a ter grande número de caçadores e pescadores e às caçadas a que se entregam outros governantes.
(Rei Asoka)

Os vegetais constituem alimentação suficiente para o estômago e, no entanto, recheamo-lo de vidas valiosas.
(Sêneca)

A estrutura do homem, externa e interna, comparada com a de outros animais, mostra-nos que as frutas e os vegetais suculentos constituem sua alimentação natural.
(Lineu)

Não comer carne significa muito mais para mim que uma simples defesa do meu organismo; é um gesto simbólico da minha vontade de viver em harmonia com a natureza. O homem precisa de um novo tipo de relação com a natureza, uma relação que seja de integração em vez de domínio, uma relação de pertencer a ela em vez de possuí-la. Não comer carne simboliza respeito à vida universal.
(Pierre Weil)

Nada beneficiará tanto a saúde humana e aumentará as chances de sobrevivência da vida na terra quanto a evolução para uma dieta vegetariana. A ordem de vida vegetariana, por seus efeitos físicos, influenciará o temperamento dos homens de uma tal maneira que melhorará em muito o destino da humanidade.
(Albert Einstein)

Não importa se os animais são incapazes ou não de pensar. O que importa é que são capazes de sofrer.
(Jeremy Bentham)

A compaixão pelos animais está intimamente ligada à bondade de caráter, e pode ser seguramente afirmado que quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem.
(Arthur Schopenhauer)

Os animais dividem conosco o privilégio de ter uma alma.
(Pythagoras)

Todas as coisas da criação são filhos do Pai e irmãos do homem. Deus quer que ajudemos aos animais, se necessitam de ajuda. Toda criatura em desgraça tem o mesmo direito a ser protegida.
(São Francisco de Assis)

Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação, seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar seus semelhantes.
(Albert Schweitzer - Prêmio Nobel da Paz em 1952)

Não há diferenças fundamentais entre o homem e os animais nas suas faculdades mentais (...) os animais, como os homens, demonstram sentir prazer, dor, felicidade e sofrimento.
(Charles Darwin)

A não-violência leva-nos aos mais altos conceitos de ética, o objetivo de toda evolução. Até pararmos de prejudicar todos os outros seres do planeta, nós continuaremos selvagens.
(Thomas Edison)

Para mim, não amar os pássaros e todos os animais seria não amar a Deus. Pois seus filhos são pássaros e animais tanto quanto os seres humanos.
(Sadhu Vaswani)

Os animais do mundo existem para seus próprios propósitos. Não foram feitos para os seres humanos, do mesmo modo que os negros não foram feitos para os brancos, nem as mulheres para os homens.
(Alice Walker)

Minha doutrina é esta: se nós vemos coisas erradas ou crueldades, as quais temos o poder de evitar e nada fazemos, nós somos coniventes.
(Anna Sewell)

O Bem Estarismo e a Bíblia

Em nosso texto “A Bíblia preconiza o vegetarianismo”, tornamos claro que o conceito especista religiosamente justificado, com base no texto de Gênesis 1:26 e 28, nada mais é do que um erro de tradução. No entanto, está claro que em muitos outros lugares a Bíblia parece endossar o status superior ou o domínio do homem sobre as demais criaturas. De fato, a mesma Bíblia foi, no passado, utilizada para justificar muitas outras atrocidades como a pilhagem, os crimes de guerra, a escravidão, o sexismo, a pedofilia e tantos outros. Não é de se estranhar, portanto, que a exploração animal seja também permitida em muitas passagens.

A Bíblia condena com a pena de morte o adultério (Deut. 22:22), o sexo antes do casamento (Deut. 22:21), as práticas homossexuais (Lev. 20:13), o espiritismo (Lev. 20:27), a apostasia (Deut. 17:2-5), a rebeldia juvenil (Deut. 21:20-21) e tantas outras coisas hoje consideradas banais. Há ainda outras passagens que, do ponto de vista ético contemporâneo, são questionáveis.

Em Deuteronômio 20, há leis relativas à guerra: quando o exército saía para lutar contra uma cidade inimiga, este devia primeiramente oferecer-lhes a paz. Se o povo inimigo aceitasse a proposta de paz e abrisse suas portas, os habitantes da cidade deveriam ser escravizados. Caso eles não aceitassem a proposta de paz, a cidade deveria ser sitiada, os homens deveriam ser mortos, seus bens pilhados e as mulheres, crianças e gado tomados. Isso no caso de cidades distantes, pois no caso de cidades próximas, pertencentes aos heteus, amorreus, cananeus, ferezeus, heveus e jebuseus, toda a população deveria ser massacrada. Diversas outras passagens bíblicas mostram que, ao se conquistar uma cidade, podia-se fazer praticamente de tudo com a população conquistada (Num. 31:17; Deut. 2:34, 3:6).

Mas essas práticas não eram de todo más, pois havia leis que asseguravam o “bem-estar” destes pobres seres conquistados. Por exemplo, em Deuteronômio 21 (11-14), há uma lei que pretende garantir “tratamento ético” às mulheres capturadas em guerras. Se, ao saquear uma cidade, um homem ficasse atraído por uma mulher em particular, poderia levá-la para casa. Ele deveria permitir-lhe que durante um mês chorasse a morte de sua família (que poderia ter sido morta por ele próprio). Depois disto ele poderia tomá-la sexualmente. Se ela não lhe agradasse, ele deveria deixá-la ir, mas não poderia vendê-la.

Aqui reside a ironia deste tipo de “bem-estar”, porque a mulher podia ter sua família morta, podia ser levada cativa, podia ser violentada, mas seria antiético vendê-la. O mesmo encontramos no bem-estarismo animal contemporâneo, onde fazer certas coisas com um animal (enfiar-lhe esporas, dar choques, etc.) é considerado errado, mas fazer coisas piores (matá-lo) é considerado certo.

Nos relatos bíblicos, as pessoas tornavam-se escravas por dívidas ou por pertencerem a povos conquistados. Diferente da escravidão perpetuada pelos europeus, os escravos na Bíblia não pertenciam a povos inferiores nem eram subumanos, podendo senhores e escravos pertencer à mesma raça. Embora escravos fossem bens, propriedade, havia certa “preocupação” com seu “bem-estar”.

Assim, quando um escravo fugia e buscava refúgio na casa de outra pessoa, essa pessoa devia recebê-lo, e não devolvê-lo para seu dono (Deut. 23:15); uma escrava desposada recebia status semelhante à esposa (Êxodo 21:9-10); se, durante o castigo, um escravo perdesse um olho ou um dente, ele deveria ser libertado (Êxodo 21:26-27); quem batesse em seu escravo até a morte deveria ser punido (Êxodo 21:20), mas, se o escravo sobrevivesse até o dia seguinte, a pessoa estava livre da punição, afinal, o escravo era sua propriedade (Êxodo 21:21).

À mulher também era conferido o status de propriedade. Mulheres podiam se consagrar ao Templo, mas seu valor era inferior ao de um homem (Lev. 27); quando uma mulher fazia votos religiosos, estes só eram considerados se aprovados por seu pai ou esposo (Num. 30:3-8); o homem podia repudiar sua esposa se esta não pudesse lhe dar um filho, e somente ao homem era permitido desposar uma segunda mulher (ou quantas pudesse sustentar). Se uma mulher fosse ferida em uma briga, a indenização era estipulada por seu marido (Êxodo 21:22).

Desta forma, vemos que, se em tempos remotos, a Bíblia permitiu o subjugo do animal, vemos que também o fez em relação a outros povos e às mulheres. Com isto não pretendemos desmerecer as Escrituras Sagradas, mas sim, mostrar que a percepção de ética da época não pode se pretender defensável em pleno século XXI. Dito isso, entendamos que o conceito de “bem-estar” nada tem a ver com atribuir ao ‘objeto’ qualquer direito. Os exemplos acima citados mostram que, desde tempos remotos, seres reconhecidamente sencientes eram ao mesmo tempo considerados objetos, de modo que, apesar de merecerem alguma consideração quanto ao seu bem-estar, seus direitos eram limitados. O objetivo principal deste bem-estar, na maioria dos casos, era melhoria de sua produtividade.

Com isto entendemos as antigas origens do moderno conceito de “bem-estar animal”. A idéia de que o homem tem o direito de fazer uso de animais está enraizada em nossa sociedade, especialmente através da concepção religiosa predominante. Quando analisamos nossos livros históricos e religiosos, encontramos mais do que a razão pela qual tomamos o direito de explorarmos-nos uns aos outros e aos animais. Camuflado sob o véu da ética, encontramos nesses livros a forma correta de tratarmos nossos escravos, os povos por nós conquistados, as mulheres e os animais.

E como podemos entender esse “bem-estar” animal? É a concepção de que os animais podem (e em alguns casos até devem) ser usados, mas sempre atentando para que os mesmos sofram minimamente. Sofrer minimamente, ou sofrer o estritamente necessário, é um conceito empírico e confuso, primeiramente porque não há uma escala que permita quantificar o sofrimento, e em segundo lugar porque a expressão “sofrer o estritamente necessário” não traz luz à questão “necessário para quê?”. Para que satisfaçamos nosso paladar, tenhamos roupas quentes, nos divirtamos, possamos experimentar novas substâncias? O que deve ser considerado necessário?

É crescente o número de seres humanos que opta por jamais tomar parte em qualquer aspecto do sofrimento animal. A simples viabilidade deste estilo de vida, o veganismo, é prova incontestável de que todo sofrimento animal causado pelo homem é desnecessário.

Como vimos, a idéia de “bem-estar animal” não é de forma alguma moderna. Essa idéia apenas ganhou novo impulso na Era Contemporânea, pós-Revolução Industrial. De fato, o confinamento de animais em sistemas de criação intensivos, a mecanização dos processos vitais e a intelectualização do ser humano conferiram nova roupagem ao bem-estar animal. Agora a idéia deixa de ser mero bom-senso e passa a adquirir contornos de movimento, ativismo, a promulgação de normas e palco para debates apaixonados.

No entanto, essa idéia é bastante antiga e o texto bíblico é bom exemplo disto.

Quando foi permitido ao primeiro homem comer carne, isso foi feito devido às novas condições em que o planeta se encontrava, após o dilúvio universal (Gen. 9:3). Nessa permissão, porém, uma ressalva foi feita: Noé e sua família poderiam comer carne, mas não de forma incondicional. Houve uma imediata proibição contra alimentar-se do sangue dos animais.

A Bíblia quer nos fazer acreditar que no sangue do animal reside sua essência vital (Gen. 9:4; Lev. 17:10-14, 19:26; e Deut.12:16, 12:23, 15:23). Desta forma, consumir o sangue do animal significa consumir sua vida. Os antigos israelitas acreditavam que, se consumissem o sangue de um animal, seriam culpados por sua morte (Gen. 9:5). Por outro lado, se matassem um animal mas devolvessem todo o seu sangue à terra, estavam livres de qualquer culpa.

Esta forma de comer carne ‘sem tirar a vida’, de se livrar da culpa pela morte, é mais ou menos o que observamos no movimento de bem-estar animal contemporâneo, porque o foco das atenções é desviado do problema real e passa a se concentrar em livrar a consciência do agressor. Matar em si deixa de ser errado, o errado é fazer isso sem o devido respeito. É como o índio ou o africano animista, que abate a caça, ajoelha-se ao lado dela e chora um choro ritual, onde explica ao irmão-animal que sua morte foi necessária para saciar a fome de sua família. Esta, para quem olha de fora, parece uma forma respeitosa de lidar com a situação, mas para o animal que morreu, a situação é exatamente a mesma.

É possível que a maioria dos judeus atualmente não acreditem que no sangue do animal resida sua vida, mas as leis dietéticas (kashrut) que preconizam a remoção do sangue continuam sendo praticadas. O Rabino Samuel Dresner comenta que “a remoção do sangue, como ensina a kashrut, é um dos mais poderosos meios de fazer-nos constantemente tomar consciência desta concessão e de todo o comprometimento que envolve, na realidade, o ato de comer carne. Novamente nos é ensinado a reverenciar a vida”.

Essa é uma forma bastante peculiar de se demonstrar reverência à vida, porque, ainda que se aceite que verter o sangue do animal na terra impede que se consuma sua vida, não se pode ignorar o simples fato de que o animal foi morto contra sua vontade. Para o animal pouco importa o que se faz com seu sangue depois que ele é abatido, porque seu interesse é que o sangue esteja circulando em seus vasos.

Após a proibição do consumo da carne com o sangue, outras condições surgiram para amenizar o problema do abate de animais. Os animais passaram a ser classificados em kasher (puros) e taref (impuros), de acordo com Levítico 11, e somente foi permitido o consumo da carne de animais ritualmente abatidos (Lev. 17:4). A explicação para a segunda imposição encontra fundamento no bem-estar animal.

O abate de animais conforme as leis da kashrut, conhecido como shchitah, hoje é denominado “abate cruento”, em oposição ao que se considera “abate humanitário”. No entanto, cabe dizer que a shchitah surgiu como proposta de abate humanitário, visto que com o corte da jugular do animal entendia-se que estavam sendo cortadas as comunicações entre o cérebro e o restante do corpo do animal. Entendia-se que, embora o animal continuasse a se mexer, estava anestesiado, que o método era indolor. Essa forma de abate contrastava com a forma praticada por outros povos, onde muitas vezes partes dos animais eram removidas para consumo, estando o animal ainda vivo.

Mas é claro que a shchitah não é de forma alguma humanitária, como também não o é o mal denominado “abate humanitário”. A única matança que pode ser considerada humanitária é a eutanásia de um animal cuja doença torne sua vida insuportável. A “eutanásia” de animais saudáveis apenas para controle de população ou em determinado experimento não é humanitária, porque tampouco pode ser considerada uma “boa morte”. Matar um animal para consumi-lo, seja por qual método for, jamais será humanitário, porque o “matar” é intrinsecamente cruel, não importa de que forma se faça.

Mas, como no bem-estarismo contemporâneo, a Bíblia nos faz crer que o errado não é matar o animal, mas sim depredar e acabar com o recurso que posteriormente poderá servir novamente ao homem. Assim, uma pessoa que encontre um ninho com ovos ou passarinhos e a mãe chocando, poderá pegar para si os ovos e os passarinhos, mas deverá deixar a mãe ir (Deut. 22: 6-7), provavelmente uma forma de garantir que haja mais ovos e filhotes em breve. Uma outra lei ordena que a cada 7 anos os campos deixem de ser cultivados para que a terra descanse. Neste período o que nascer nesta terra poderá servir aos pobres e aos animais do campo (Êxodo 23:10-11); a preocupação com os animais do campo pode ser simplesmente uma preocupação com a caça no futuro.

Da mesma forma, outros exemplos de leis de bem-estar animal são encontrados na Bíblia.

Em Êxodos 23:4-5, encontramos os seguintes versículos: “Se encontrares desgarrado o boi do teu inimigo ou o seu jumento, lho reconduzirás. Se vires prostrado debaixo da sua carga o jumento daquele que te aborrece, não o abandonarás, mas ajudarás a erguê-lo.” Poder-se-ia dizer que reconduzir um boi ou um jumento, ou ajudar um jumento sobrecarregado a se levantar envolve interesses econômicos, mas isto apenas é válido quando se tratar do animal explorado pela pessoa ou um dos seus (Deut. 22:1-4).

Por que alguém se empenharia em preservar os interesses econômicos de seus inimigos ou daqueles que o aborrecem? Esses versículos parecem encontrar base no que chamamos “bem-estar animal”, e como praticamente tudo o que encontramos nesse movimento, é incoerente porque contrasta com outras passagens onde é ordenado que o gado e os animais de cargas dos inimigos devem ser mortos junto com eles.

Há leis específicas para o “bem-estar” de animais submetidos a trabalhos forçados, como a que ordena que os animais também tenham o direito ao descanso do sábado (Êxodo 23:12; Deut. 5:14), ou a que impede que se coloque para puxar um mesmo arado animais de espécies diferentes (Deut. 22:10), o que certamente exigiria maior esforço da espécie mais fraca.

O objetivo do presente texto, como dito anteriormente, não é ofender as convicções religiosas de quem quer que seja, mas tão somente demonstrar que a Bíblia pode ser utilizada para provar ou refutar o que se queira. Se intencionar-se manter os padrões morais e comportamentos estabelecidos pela Bíblia para com os animais, pode-se entender que o mesmo se aplique às mulheres, às crianças, aos homossexuais, aos adúlteros, aos idólatras, etc. O texto também demonstra que o que muitos acreditam ser uma idéia moderna, o “bem-estar animal”, nada mais é do que uma repetição de idéias antigas. Nas sábias palavras do Pregador: “O que se foi é o que será; e o que se fez, isso se tornará a fazer; não há nada de novo debaixo do sol. Há algo que se possa dizer: Vê, isto é novo? Não! Tudo já existia séculos antes.” (Eclesiastes 1:9-10).


Carne Kosher é uma Contradição

"Não deveria ser crença generalizada que todos os seres existem só para servir o Homem. Pelo contrário, todos os outros seres existem para si mesmos e não para outra finalidade qualquer. Não há diferença entre a dor dos animais e a dor dos seres humanos."
Rabino Moses Maimonides (1135-1204), Guia Para os Perplexos

"Há crueldade na matança de animais."
Rabino Joseph Albo, Sefer Ha-Ikarim, Vol. III, Ch. 15

"Fazer animais sofrer é proibido pelo Torah."
Rabino Shear Yashuv Cohen, Rabino-Mor Ashkenazi de Haifa, Israel

"As leis sobre a alimentação servem para nos ensinar a ter compaixão e levar-nos lentamente (de volta) ao vegetarianismo."
Rabino Shlomo Raskin

"Ter compaixão pela vida animal não é só uma questão de ser responsável pela vida animal, questão essa bem exposta no Torah e expandida pelos nossos mentores espirituais, mas também uma questão de nos imbuirmos dos valores que realmente são importantes.
Se formos indiferentes em relação à vida animal, então somos indiferentes como seres humanos. Assim, um ser humano verdadeiramente sensível, compassivo em relação a outros seres humanos, também é compassivo para com os animais."
Rabino David Rosen, antigo Rabino-Mor da Irlanda

"A destruição ambiental causada pela agro-pecuária, pela quantidade de fezes produzidas, pela quantidade de detritos que vão parar aos nossos sistemas de águas e saneamento, não deixa dúvidas de que está a destruir o nosso mundo e está (...) em violação do mandamento Judaico de proteger e cuidar da Terra. (...) Estamos a ignorar coisas que são essenciais e que são fundamentais ao carácter do Judaísmo, de forma a ceder aos nossos desejos egoístas.
Rabino Adam Frank

"Este é o caminho dos pios e dos espiritualmente mais elevados. (...) Eles não desperdiçam nem um grão de mostarda e sofrem com cada desperdício e destruição que vêem, e, se forem capazes de salvar ou poupar, eles salvarão qualquer coisa da destruição com todas as suas forças."
Rabino Aaron HaLevi de Barcelona, Século XIII, Sefer HaChinuch 529

"Penso que a forma de como me alimento está de acordo com a minha prática Judaica.(...) Não acho que o Judaísmo diga que "tens que ser vegetariano" mas há muitos indícios na literatura que nos dizem que isso é algo bom."
Rabino David Small

"Aquele que mata um boi é como se matasse uma pessoa."
Isaías 66:3

"Quem destrói uma única vida, considera-se que tenha morto um mundo inteiro, e alguém que tenha salvo uma vida, considera-se que tenha salvo um mundo inteiro."
Talmud, Sanhedrin 4:5

"O destino dos Homens e o destino dos animais, ambos têm o mesmo e único destino. Quando um morre, também o outro, e ambos têm o mesmo espírito."
Eclesiastes 3:19

"Não quero que as minhas preferências alimentares sejam coniventes com o sofriemento que ocorre na indústria alimentar animal. O Judaísmo toma muito a sério a ideia da responsabilidade pessoal. A mudança comunitária para melhor e o comportamento ético em sociedade começam com o indivíduo.
Rabino Adam Frank

"As Leis do Kashrut vêm ensinar-nos que a primeira preferência de um Judeu deveria ser uma refeição vegetariana."
Rabino Pinchas Peli, Torah Today

"O vegetarianismo é uma forma superior de ser Kosher."
Rabino Daniel Jezer

"Devemos manter todos os nossos consumos o mais sagrados possível. (...) Quanto mais tentarmos viver como se estivéssemos na era messiânica, mais próximos estaremos dela."
Rabino Rami Shapiro

"O que, um dia, possa ter feito sentido, não mais pode ser justificado. Podemos, hoje, chegar à conclusão de que, na maior parte dos casos, "carne Kosher" é uma contradição."
Rabino Fred Scherlinder Dobb

"Ao não comer carne, estou muito mais seguro de nunca violar, mesmo acidentalmente, as proibições bíblicas e rabínicas, no que respeita a carne não Kosher. A produção de carne Kosher nunca previu matadouros massivos ou quintas industriais. É questionável se a maior parte da carne ou aves produzidas neste país que são vendidas como sendo kosher, estarão, realmente, de acordo com as leis tradicionais do Kashrut, assim como a proibição da crueldade para com os animais."
Rabino Jon-Jay Tilsen

"A maneira mais simples (de manter o Kashrut), que é o melhor caminho aos olhos da tradição, é ser-se vegetariano."
Rabino Michael Cohen

"Se não comes carne, és certamente Kosher. (...) E acredito que deveríamos dizê-lo aos nossos amigos coelhos."
Rabino Shear Yashuv Cohen, Rabino-Mor Ashkenazi de Haifa, Israel

"Os Nazis explicitamente estruturaram a sua destruição industrial dos Judeus usando como modelo o massacre dos animais. Não serve para comparar o sofrimento de animais e humanos, mas mostra que a forma de como tratamos os animais é semelhante à forma de como os Nazis nos trataram. "
Rabino Hillel Norry

"Sejam compassivos e carinhosos para todas as creaturas que Deus, abençoado seja, criou neste mundo. Não batam nem inflinjam dôr a nenhum animal, besta, ave ou insecto. Não atirem pedras a nenhum cão ou gato, nem matem moscas ou vespas."
Sefer Chasidim [Livro dos Pios]

"Não se pode pedir constantemente o perdão dos pecados, enquanto se usa artigos feitos com a pele de animais massacrados"
Shulchan Aruch [Código da Lei Judaica]

"Talvez o argumento mais poderoso a favor do vegetarianismo hoje mais do que nunca (...) seja a proibição contra o 'chillul HaShem', a blasfémia contra o nome de Deus. É, decerto, uma blasfémia quando Judeus praticantes comem animais produzidos sob condições de crueldade que violam flagrantemente os ensinamentos e as proibições Judaicas."
Rabino David Rosen, antigo Rabino-Mor da Irlanda

"Comer a carne de animais não traz nenhum benefício. De facto, é prejudicial à saúde humana, destrutivo para o ambiente e desperdiça recursos valiosos que poderiam ser mais bem utilizados para alimentar os que têm fome e prover aos que têm necessidades básicas. Todos estes são valores do Torah."
Rabino Hillel Norry

"A minha repulsa pela ideia de matar e comer animais tornou-se maior, por isso parei."
Rabino Jon-Jay Tilsen

"As necessidades básicas da vida não incluem carne."
Rabino David Golinkin

"A minha decisão para abster-me do consumo de produtos animais é o reflexo da minha adesão à Lei Judaica."
Rabino Adam Frank

"Mesmo o próprio Torah reconhece que comer carne não é o ideal para um ser humano. Não é a dieta ideal para a raça humana."
Rabino Simchah Roth

"Não há simplesmente nenhuma defesa espiritual nas tradições religiosas tanto do Ocidente como do Oriente para se comer carne."
Rabino Marc Gellman, "The First Hamburger"

"Eu relaciono o vegetarianismo com o Judaísmo de diversas formas (...) a tortura dos animais e o sofrimento por que eles passam, ao serem criados em fábricas e depois comidos vai contra as leis do Judaísmo."
Adam Stein, estudante para Rabino